quarta-feira, 6 de junho de 2012

Os Anjos

O Padre (depois Monsenhor) Álvaro Negromonte foi um exímio educador brasileiro, que escreveu catecismos e outras obras assemelhadas com linguagem dirigida às várias idades. Sua obra foi motivo de estudos enfocando a habilidade didática e a metodologia do ensino. A seguir está transcrito o trecho sobre os anjos, extraído do livro A Doutrina Viva para o curso secundário.


Há, na criação, uma série gradativa de seres, que vai desde os simples minerais até às substâncias puramente espirituais. Destes últimos não poderíamos saber a existência por nossa razão apenas, mas a conhecemos pela Revelação. São os Anjos, que vamos estudar.

Existência dos Anjos

A Bíblia está cheia da existência dos Anjos, os quais aparecem desde o principio (ver cap. 3 do Gn). No. Antigo Testamento eles aparecem impedindo que Abraão sacrifique Isaac, consolando Agar no deserto (ver caps. 16 e.22 do Gn), alimentando Elias (1 Rs 19), protegendo os 3 meninos na fornalha (Dn 3). E em muitas outras passagens. O Novo Testamento se abre com a presença do Anjo Gabriel anunciando a Zacarias o nascimento de João Batista, e a nossa Senhora a Encarnação do Verbo (ver Lc 1). E enchem os Evangelhos até à Ascensão de Cristo. Nos Atos dos Apóstolos há várias aparições de Anjos (ver nos Evangelhos e nos Atos as aparições dos Anjos). .

Natureza dos Anjos

Os Anjos são puros espíritos. São substâncias puramente espirituais. Foram criados por Deus para existirem sem corpo. São as criaturas mais perfeitas, porque têm uma natureza mais semelhante à de Deus (puro espírito). São, portanto, superiores ao homem, o qual é composto de espírito e matéria (alma e corpo).

Não é só por isto que os Anjos são superiores ao homem. São superiores pela inteligência. Eles conhecem a Deus, os outros Anjos e homens, de modo intuitivo, sem precisar raciocinar, como nós precisamos. Conhecem os futuros necessários, efeitos que estão contidos necessariamente nas suas causas, mas não conhecem os futuros livres, que dependem da nossa vontade. Também não conhecem os segredos do nosso coração, salvo se dermos deles qualquer demonstração.


São superiores também pela liberdade e pelo poder. S. Pedro diz que "os Anjos são maiores pela sua força e seu poder" (2 Pd 2, 11). Os fatos o mostram. Um anjo matou de uma vez 185 mil soldados dos Assírios (Is 37, 36); outro arrebatou Habacuc pelos cabelos e o levou para Babilônia (Dn 1;4, 35).

Um Anjo não está em todo lugar, como Deus. Mas pode agir em vários lugares ao mesmo tempo, dentro da esfera do seu poder, assim como um homem pode tocar ao mesmo tempo em vários objetos ao alcance de suas mãos. O que dizemos aqui dos Anjos, também se entende dos demônios.

Coros angélicos

É grande o número dos Anjos. A Sagrada Escritura fala sempre do exército dos Anjos. Na sua prisão, nosso Senhor disse que podia pedir ao Pai e ele mandaria mais de 12 legiões de anjos em sua defesa (Mt 26, 53). O profeta Daniel, descrevendo o trono de Deus, diz que um milhão de anjos o serviam, e mil milhões o assistiam (Dn 7, 10).

Os Anjos estão divididos em 3 hierarquias, e cada uma delas em 3 coros. A primeira hierarquia é a dos que contemplam a Deus: Serafins, Querubins e Tronos. A segunda hierarquia se ocupa do governo do mundo: Dominações, Virtudes e Potestades. A terceira é encarregada de executar as ordens divinas: Principados, Arcanjos e Anjos (veja os "prefácios" das Missas).

Os demônios

Antes de confirmar os Anjos na graça, Deus os submeteu a uma prova. Quis o Senhor que eles tivessem mérito na felicidade que lhes reservava. Nem todos foram fiéis a esta prova. Alguns caíram, e foram imediatamente castigados por Deus, sendo precipitados no inferno. São por isso chamados anjos maus ou demônios.

Qual foi o pecado dos anjos maus? Parece ter sido a soberba, porque a Bíblia diz que "nela teve princípio toda perdição" (Tb 4, 14). O nome de são Miguel, que quer dizer "Quem como Deus?", parece também indicar que os anjos rebeldes quiseram ser iguais a Deus.

Le génie du mal, de Guillaume Geefs.
Catedral de Saint-Paul de Liège, Bélgica.

São João descreve, no Apocalipse, a grande batalha, em que são Miguel e os seus anjos venceram a Lúcifer com os dele, tendo estes sido precipitados do céu, onde não há mais lugares para eles (ver Apoc 12, 7-12).

Papel do demônio

1) Tentação. Os demônios procuram, de muitos modos, levar-nos ao pecado, por meio da tentação. Foi o que aconteceu com os nossos primeiros pais, com Judas e com Ananias (ver Jo 13, 2, 27 e At 5, 3). Ao próprio Jesus o demônio tentou (Mt 4, 3-10). E são Pedro nos adverte de que ele vive "em torno de nós, como um leão que ruge, buscando a quem devorar" (1 Pd 5, 8).

O demônio nenhum poder tem sobre a inteligência e a vontade do homem. Ele pode nos incitar ao pecado, mas não nos faz pecar: só pecamos se queremos. Mas ele pode agir diretamente sobre a nossa memória, imaginação e sobre os sentidos. Assim, mesmo contra a nossa vontade, podemos ter recordações e imagens más, e maus movimentos. E' claro que não pecamos se não queremos estas coisas. Deus nos dá sempre a força necessária para nos conservarmos.

2) Obsessão. O demônio pode também atacar os homens corporalmente, ao mesmo tempo em que os atormenta com graves tentações, na medida em que Deus permite. É o que se chama obsessão. Nestes casos, ele age sempre de fora (ver, sobre isto, o Livro de Jó).

3) Possessão. Mas, na possessão, o demônio entra para o corpo da pessoa, e se apodera dele, e aí fica usando dos seus sentidos e membros, produzindo atos insólitos e maravilhosos. O Ritual Romano, dando as orações próprias para o exorcismo do demônio nestes casos, dá os sinais da possessão: "falar língua desconhecida, revelar coisas ocultas e distantes, mostrar força superior à idade e condição", etc. Os Evangelhos dão vários casos de possessão, em que o demônio maltrata os sujeitos, seja tirando-lhes a vista, a audição e a fala, seja os submetendo a tormentos corporais (ver os casos de possessão nos Evangelhos).

4) Astúcias. Inimigo da felicidade do homem, o demônio tem feito tudo para nos privar do bem. Um olhar pela história mostra os seus esforços para destruir a religião, a verdadeira liberdade, a civilização cristã, a paz, a moral, etc. Apodera-se dos grandes inventos (imprensa, cinema, rádio, aeroplano, etc.) para transformá-los em instrumentos do mal. Uma das maiores astúcias do demônio é apresentar o mal com um aspecto agradável, dando-lhe nomes atraentes como civilização, progresso, evolução dos tempos, e outras e fazer tudo isto de maneira a não se descobrir que é ele que está agindo.

O Anjo da Guarda

Para nos defender de todos os males do corpo e da alma, principalmente das tentações e perigos do demônio, Deus nos confiou a um Anjo, que costumamos chamar o Anjo da Guarda. A Bíblia mostra muitas vezes os Anjos protegendo e defendendo os homens. E Jesus disse, falando das crianças: "Os seus Anjos vêem sempre a face do Pai (Mt 18, 20) (ver o Livro de Tobias, todo ele cheio da assistência do Anjo são Rafael ao moço). [...] É ensino comum que também as comunidades têm os seus Anjos da Guarda. [...] Também as nações, as dioceses, as comunidades religiosas e outras instituições de muito vulto terão os seus Anjos da Guarda.

Para viver a doutrina

O meu destino é o mesmo dos Anjos: amar e louvar a Deus, eternamente, no céu. Para isto, tenho de viver uma vida igual à dos Anjos: amar e servir a Deus. Ser santo é meu dever.

Para isto sou ajudado constantemente pelo meu Anjo da, Guarda. Não desprezarei este auxilio. Atenderei às boas sugestões, para segui-las; encomendar-me-ei aos seus favores junto de Deus; lembrar-me-ei sempre da sua presença, para não fazer nada que lhe desagrade.

Nas tentações não me esquecerei de pedir-lhe que venha em. meu auxilio: ele ajudou a vencer o anjo rebelde que me tenta. Mas também não facilitarei com o demônio, a quem procurarei vencer pela vigilância e pela oração: "Vigiai e orai"...

A liturgia lembra os Anjos: o Confiteor, o Prefácio.

No meu batismo renunciei a Satanás e a tudo o que lhe pertence, para me consagrar a Jesus Cristo. Agora, Satanás não descansa: quer reconquistar a minha alma, destruindo a vida sobrenatural, o estado de graça. Para não recair no poder do demônio, me confessarei amiúde, serei assíduo à oração e à mortificação, e, principalmente, comungarei frequentemente. A Comunhão é o "pão' dos Anjos". Pela comunhão serei como os Anjos.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Exorcista

Um dos quatro critérios para uma pessoa afetada pelo demônio é falar em línguas que a pessoa em estado consciente desconhece. Grande semelhança com os carismáticos que adoram enrolar a língua, e dizer que falam em línguas desconhecidas. (falsa oração em língua). Exorcista mexicano critica sacerdotes que não acreditam em existência do demônio Recorda que sua existência é um dogma de fé na Igreja

O coordenador geral de exorcistas da Arquidiocese do México, Pe. Pedro Mendoza Pantoja, criticou o cepticismo de alguns sacerdotes sobre a existência do diabo e assinalou que embora não sejam muitos os casos de possessão, o são no que é afetação demoníaca, que se deve ao afastamento do homem de Deus.

Ao culminar o 3º Congresso Nacional de Exorcistas, o Pe. Mendoza advertiu que quem não acredita na existência do demônio esquece que se trata de um dogma de fé da Igreja "por mais que queiram dar (a estes fenômenos) explicações de tipo psicológico ou de outra índole".

Em declarações à imprensa, o sacerdote afirmou que na arquidiocese há sete exorcistas e que este número não é sob dado de que tampouco são muitos os casos de possessão; mas, advertiu, "sim o são no sentido de que atualmente muitas pessoas sofrem diversos tipos de afetações demoníacas devida ao afastamento do homem da fé, o que o faz crédulo em magia, bruxaria, malefícios, horóscopos e inclusive na morte, e tudo isto os sacerdotes não o atendem porque não sabem como fazê-lo".

Nesse sentido, qualificou o evento de bem-sucedido porque se conseguiu sensibilizar os bispos participantes para que toquem este tema nos seminários e o número de exorcistas aumente. O Pe. Mendoza assinalou que é necessário tomar consciência da importância do ministério do exorcismo.

Distinguir males mentais de possessões 

Por outro lado, durante o evento, o psicólogo e exorcista da Arquidiocese do México, Pe. Enrique Maldonado, assinalou que é necessário distinguir entre uma verdadeira possessão diabólica e uma enfermidade mental. Nesse sentido, afirmou que de cada dez mil casos de suposta possessão apenas um é real.

Acrescentou que por isso é necessário o apoio de especialistas que, sob a guia do sacerdote, poderão diferenciar uma psicopatologia de uma verdadeira influência demoníaca e assim ajudar à pessoa "a encontrar a melhor via para solucionar seu problema".

Por sua parte, o Pe. Jesús Yáñez recordou que na guerra que houve no Céu" não só caiu Satanás, mas também demônios menores que o seguiram; e que "possuído" é a pessoa atacada por Satanás e "diabólico" o invadido por demônios menores.

O sacerdote explicou que para estabelecer uma possível possessão se devem manifestar quatro critérios na pessoa afetada: aberração ao sagrado, aparição de fenômenos paranormais "em grau supremo", a "revelação de coisas à distância", e falar em línguas que a pessoa em estado consciente desconhece.

terça-feira, 8 de maio de 2012

quinta-feira, 3 de maio de 2012

São Miguel



No dia 29 de setembro de 1891 o grande pontífice Leão XIII fez publicar a oração que finalizou o capítulo anterior. Oração chamada por muitos de “Pequeno Exorcismo de Leão XIII”. Este Vigário de Roma não só a publicou como mandou que obrigatoriamente os sacerdotes a rezassem no encerramento de todas as Missas.

O tempo passou, vieram as reformas litúrgicas e esta oração já não se torna mais obrigatória no final das Celebrações.

Porém, o Espírito Santo tem colocado esta oração nos lábios e no coração de milhões de fiéis e de muitos sacerdotes que diariamente rezam-na com todo fervor. E isto tem acontecido porque juntos, como corpo que somos da Igreja, precisamos invocar o Príncipe da Milícia Celeste para que ele lance no abismo as forças do mal que ainda atuam no mundo com o único objetivo de perder as almas.

Afinal, porque Leão XIII publicou esta oração e ordenou que ela fosse rezada?


O motivo foi uma revelação divina. Sua Santidade estava fazendo sua ação de graças na Missa, quando viu a terra ser invadida por enormes nuvens sombrias de espíritos infernais. Durante a visão ouviu uma discórdia entre Jesus e satanás, este exigia um pouco mais de tempo para destruir a Igreja ao que o Senhor respondeu: “Terás o tempo que pedes depois faremos as contas”.

Leão XIII, iluminado por Deus intuiu que a vitória desta discórdia estava entregue a São Miguel e que seria ele quem precipitaria o Príncipe das trevas, com todos os que o servem, no mais profundo abismo.

Este fato já foi muito comentado na Igreja e mesmo na imprensa secular. Durante algum tempo caiu no esquecimento. Mas graças a Deus este relato e a oração composta pelo Pontífice vêm sendo resgatado no coração do povo de Deus.
É preciso que a rezemos diariamente e em várias ocasiões!

A visão é muito clara: nuvem de demônios invadindo a terra. E contra eles o Senhor quer que invoquemos o Arcanjo São Miguel.

Reze esta oração!

Chame seu esposo ou esposa e, mesmo na cama, rezem o pequeno exorcismo de Leão XIII.Convide seus filhos ou seus irmãos e ore com eles.E se não houver ninguém, encha o coração de fé; confiando na vitória de Deus, acreditando que São Miguel está com você sinta-se como soldado da milícia celeste e reze com fervor:

São Miguel Arcanjo defendei-nos no combate, sede nosso refúgio contra a maldade e as ciladas do demônio! Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos; e vós príncipe da milícia celeste, pelo poder divino, precipitai no inferno a satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém.” 

domingo, 29 de abril de 2012

Visão


Foi numa manhã que o Pontífice Leão XIII após ter celebrado uma Santa Missa e participando de uma outra em ação de graças, assim como já era de seu costume.

Quem acompanhava aquela celebração pode ver que de repente Leão XIII virou – se para o celebrante da Santa Eucaristia e fixou os seus olhos acima da cabeça do mesmo. Ficou como que imóvel, seus olhos não piscavam, e ao mesmo tempo em seu rosto via – se uma expressão de terror e admiração. Algo lhe tinha acontecido!

O que teria feito o Santo Padre parar daquela maneira imóvel?!

Após um breve tempo Leão XIII voltou – se a si e rapidamente se levantando foi ao seu escritório particular.

Aqueles que lhe eram mais próximos e antes do Santo Padre entrar em seu escritório perguntaram se ele estava precisando de algo, ou se alguma coisa estava acontecendo: “Nada, nada”, responde o Santo Padre, e adentra o seu escritório.

Após meia hora o Santo Padre pede para que lhe chamem o Secretário da Congregação de Ritos, lhe entrega uma folha e pede para que seja entregue a todos os Ordinários do mundo!

O que de fato continha naquele escrito?

Era a oração que rezávamos no final da missa, com uma súplica a Virgem Maria e a Invocação ao Arcanjo Miguel, na qual implorava a Deus que precipite Satanás ao inferno.  Na mesma carta ordenava – se igualmente que estas orações fossem rezadas de joelhos.

Em 1946, em Bolonha; o Cardeal Natalli Rocca no período da Quaresma pode testemunhar:

“Foi mesmo Leão XIII quem redigiu esta oração. A frase “Satanás e os outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder das almas” tem uma explicação histórica que o seu secretário particular Monsenhor Rinaldo Angeli, nos contou várias vezes: ”Leão XIII teve verdadeiramente a visão de espíritos infernais que se adensavam sobre a cidade eterna de Roma.”

Foi da experiência desta visão do Santo Padre que nasceu então a oração:

“São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, sede nosso auxilio contra a malícia e as ciladas do demônio. Exerça Deus sobre ele império, como instantemente vos pedimos, e Vós, Príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no Inferno a Satanás e aos outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder as almas”.

Por isso recomendo à você que faça esta oração após a sua comunhão e por diversas vezes durante o seu dia. Você poderá experimentar sobre a sua vida a força desta oração!

terça-feira, 24 de abril de 2012

Oração à Arcanjo Miguel

Muitos de nós recordamos de que, antes da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, os celebrantes e os fiéis, no fim de cada Missa, ajoelhavam-se para rezar uma oração a Nossa Senhora e outra a S. Miguel Arcanjo.

Reportamo-nos ao texto desta última porque é uma oração bonita que pode ser rezada por toda a gente para seu próprio benefício:
       
“São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, sede nosso auxilio contra a malícia e ciladas do demônio. Exerça Deus sobre ele império, como instantemente vos pedimos, e Vós, Príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no Inferno a Satanás e os outros espíritos malignos que vagueiam pelo mundo para perder as almas”.
       
Como é que nasceu esta oração?

Transcrevo um artigo que foi publicado na revista: Ephemerides Liturgicae escrito pelo Pe. Domenico Pechenino em 1955, a págs. 58-59.

“Não me lembro exatamente do ano. Uma manhã, o grande Pontífice Leão XIII tinha celebrado a Stª Missa e estava a assistir a uma outra de ação de graças, como de costume. De repente, viu-se ele virar energicamente a cabeça, depois de fixar qualquer coisa intensamente, sobre a cabeça do celebrante. Mantinha-se imóvel, sem pestanejar, mas com uma expressão de terror e de admiração, tendo o seu rosto mudado de cor. Adivinhava-se nele qualquer coisa de estranho, de grande.

Finalmente voltando a si, bate ligeira, mas energicamente com a mão, levanta-se. Dirige-se ao seu escritório particular. Os mais próximos seguem-no com preocupação e ansiedade. E perguntam-lhe em voz baixa: Santo Padre, não se sente bem? Precisa se alguma coisa? Responde: “Nada, nada”.

Daí a uma meia hora manda chamar o Secretário da Congregação dos Ritos, e estendendo-lhe uma folha de papel, manda fazê-la imprimir e enviar a todos os Ordinários do mundo. Que assunto continha? A oração que rezávamos no fim da missa com o povo, com a súplica a Maria e a invocação ardente ao Príncipe das milícias celestes, implorando a Deus que precipite Satanás no inferno.

Naquele escrito ordenava-se igualmente que as orações fossem rezadas de joelhos. Também foi publicado no jornal La Settimana del Clero, em 30 de Março de 1947, não sendo citada a fonte que deu origem à notícia. Será contudo notada a maneira insólita como esta oração, enviadas aos Ordinários em 1886, foi mandada rezar.

Para confirmar aquilo que o Pe. Pechenino escreveu, dispomos do testemunho irrefutável do Cardeal Natalli Rocca, que na sua carta pastoral para a Quaresma, emanada de Bolonha em 1946, diz: “Foi mesmo Leão XIII quem redigiu esta oração. A fase (Satanás e os outros espíritos malignos) que vagueiam pelo mundo para perder das almas tem uma explicação histórica que o seu secretário particular Mons. Rinaldo Angeli, nos contou várias vezes; Leão XIII teve verdadeiramente a visão de espíritos infernais que se adensavam sobre a cidade eterna (Roma).

Foi desta experiência que nasceu a oração que ele quis toda a Igreja rezasse. Esta oração rezava-a ele com voz viva e vibrante: ouvimo-la muitas vezes na Basílica do Vaticano. Mas isto não é tudo: ele escreveu também por suas próprias mãos um exorcismo especial que figura no Ritual Romano (ed. 1954, tit. XII, c.III, pág.863 e seg.). Recomendava aos bispos e aos sacerdotes que rezassem muitas vezes estes exorcismos nas suas dioceses e paróquias. Ele próprio o fazia muitas vezes durante o dia.

Também é interessante ter em conta um outro acontecimento que reforça ainda mais o valor desta oração que se rezava no fim de cada Missa. Pio XI quis que, ao serem rezadas estas orações, se pusesse uma intenção particular pela Rússia (alocução de 30 de Junho de 1930). Nesta alocução, depois de ter lembrado as orações pela Rússia que ele próprio tinha pedido a todos os fiéis a quando da festa do Patriarca S. José (19 de março de 1930) e, depois de ter lembrado a perseguição religiosa na Rússia, concluiu com estas palavras:

 “E para que todos possam sem fadiga e sem obstáculos continuar esta santa cruzada, decidimos que as orações que o nosso bem amado predecessor Leão XIII ordenou aos sacerdotes e aos fiéis que rezassem depois da Missa, sejam ditas por esta intenção particular, isto é, pela Rússia. Que os bispos e o clero secular e regular tomem ao seu cuidado informar os fiéis e aqueles que assistem ao Santo Sacrifício, e que não se esqueçam de lhes lembrar estas orações (Civiltà Cattolica, 1930, vol.III).

Conforme se pode constatar a presença aterrorizadora de Satanás foi claramente tida em conta pelo Pontífice; e a intenção que Pio XI, tinha acrescentado, visava mesmo o fundamento das falsas doutrinas difundidas no nosso século, que envenenaram não só a vida dos povos mas também dos próprios teólogos.
       
Se a disposição tomada por Pio XI não foi respeitada, a falta deve-se àqueles a quem tinha sido confiada; inseria-se perfeitamente no âmbito dos avisos carismáticos que o Senhor havia dado à humanidade através das aparições de Fátima, embora mantendo-se independente desta: Fátima ainda era desconhecida do mundo.

Fonte: Extraído do Livro "Um Exorcista Conta-nos" 
Pe. Gabriele Amorth - Ed. Paulinas.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

A sabedoria de Leão XIII


Bento XVI nutre grande admiração pelo Papa Leão XIII. Por ocasião da visita de 5 de setembro de 2010 a Carpineto Romano, cidadezinha natal de Gioacchino Pecci, ele explicou que Leão XIII conseguiu difundir uma mensagem que "conjuga fé e vida, verdade e realidade concreta". "O Papa Leão XIII", destacou Bento XVI, "com a assistência do Espírito Santo, foi capaz de fazer isso num período histórico dos mais difíceis para a Igreja, permanecendo fiel à tradição e, ao mesmo tempo, encarando as grandes questões abertas". De fato, apesar dos ataques contínuos e ferozes contra a Igreja, Leão XIII (1878-1903) conseguiu difundir um magistério sábio e cheio de visão. Bento XVI fala do magistério de Leão XIII como o de "uma Igreja capaz de encarar sem complexos as grandes questões da contemporaneidade". Para facilitar o conhecimento e aprofundar as verdades do magistério de Leão XIII, a historiadora Angela Pellicciari publicou "Leão XIII em pílulas" (Fé & Cultura). Antonio Gaspari da Agência ZENIT entrevistou a autora.

ZENIT: O Papa Leão XIII é conhecido especialmente pela contribuição à Doutrina Social. Mas você afirma que a contribuição dele ao magistério de Pedro é muito mais vasta. Pode nos explicar o seu ponto de vista?
Pellicciari: Eu acho que, depois de Pio IX (1846-78) ter sido caluniado e ridicularizado, não podia acontecer a mesma coisa com Leão XIII (1878-1903). Era preciso contrapor o visionário, moderno e sábio Leão XIII ao obtuso e incapaz Pio IX. Então se enfatizou deliberadamente a Rerum novarum, esquecendo-se que esta encíclica só faz sentido num contexto de fé e cultura muito mais vasto.

ZENIT: Leão XIII viveu num período em que a Igreja foi duramente criticada e atacada pelo liberalismo, pela maçonaria e pelo socialismo. Você pode nos explicar como o Pontífice reagiu?
Pellicciari: Dizendo a verdade, assim como Pio IX. Recordando que o catolicismo liberal difunde mentiras na tentativa de dividir a Igreja e anular as suas defesas; reiterando que o poder temporal é essencial ao Papa para desenvolver a sua missão espiritual; sublinhando para nós, italianos, que muitas "glórias" da nossa história são fruto da presença do papado em Roma e da fé da população; nos pondo em guarda contra a apostasia que inevitavelmente nos leva à ruína.

ZENIT: O pontificado de Leão XIII é vastíssimo na produção de escritos. Com que critério você selecionou as ‘pílulas' publicadas no livro?
Pellicciari: Numa encíclica belíssima, a Saepenumero considerantes, Leão XIII descreve no que a ciência histórica se transformou: numa "conjura contra a verdade". Os liberais maçons se apropriam do patrimônio do povo cristão e, para dar uma tingida de justiça à sua sede de poder e de riqueza, apelam para a suposta escravidão à qual a Itália católica teria sido reduzida pela Revelação e pelo Magistério. Eles reescrevem a história se baseando na falsidade sistematicamente divulgada na escola, na universidade, em livros e jornais. Depois de tantas décadas, nós somos os herdeiros daquela conjura: só sabemos o que a propaganda nos contou. Eu procurei ressaltar muitos fatos que tínhamos esquecido.

ZENIT: Você afirma que o pontificado de Leão XIII é muito parecido com o de Bento XVI. Pode explicar o motivo?
Pellicciari: Por causa da grande lucidez e simplicidade, da grande sabedoria com que eles analisam e descrevem a realidade cultural da sua respectiva época. E também pela defesa de Roma e da sua história, e isso os dois fazem com muita coragem.

ZENIT: Que ensinamentos Leão XIII nos transmite?
Pellicciari: Eu considero um de grandíssimo interesse: na Humanum genus, a encíclica mais completa sobre e contra a maçonaria, o papa Pecci afirma que os maçons confiam a alguns "irmãos" a tarefa de propagandear em meio à população uma "licença desenfreada". Para governar, para comandar as pessoas sem elas se darem conta, é preciso torná-las escravas das suas paixões. Só transformando os homens em marionetes, só privando-os da vontade com a desculpa da liberdade, se consegue "subjugá-los" e "incliná-los a obedecer". É uma lição de enorme atualidade, que nos ajuda a entender as razões do ataque à moral natural (e também à razão), perpetrado nas últimas décadas.

domingo, 22 de abril de 2012

Enciclicas


Ad Extremas (24 de junho de 1893)
Adiutricem (5 de setembro de 1895)
Aeterni Patris (4 de agosto de 1879)
Affari Vos (8 de dezembro de 1897)
Annum Sacrum (25 de maio de 1899)
Arcanum Divinae (10 de fevereiro de 1880)
Augustissimae Virginis Mariae (12 de setembro de 1897)
Au Milieu Des Sollicitudes (16 de fevereiro de 1892)
Auspicato Concessum (17 de setembro de 1882)
Caritatis (19 de março de 1894)
Caritatis Studium (25 de julho de 1898)
Catholicae Ecclesiae (20 de novembro de 1890)
Christi Nomen (24 de dezembro de 1894)
Constanti Hungarorum (2 de setembro de 1893)
Cum Multa (8 de dezembro de 1882)
Custodi di quella Fede (8 de dezembro de 1892)
Dall'altodell'Apostolico Seggio (15 de outubro de 1890)
Depuis le Jour (8 de setembro de 1899)
Diuturni temporis (5 de setembro de 1898)
Diuturnum (29 de junho de 1881)
Divinum illud munus (9 de maio de 1897)
Dum Multa (24 de dezembro de 1902)
Etsi Cunctas (21 de dezembro de 1888)
Etsi Nos (15 de febrero de 1882)
Exeunte Iam Anno (25 de dezembro de 1888)
Fidentem Piumque Animum (20 de setembro de 1896)
Fin dal Principio (8 de dezembro de 1902)
Grande Munus (30 de setembro de 1880)
Graves de Communi Re (18 de janeiro de 1901)
Gravissimas (16 de maio de 1901)
Humanum Genus (20 de abril de 1884)
Iampridem (6 de janeiro de 1886)
Immortale Dei (1 de novembro de 1885)
In Amplissimo (15 de abril de 1902)
Inimica Vis (8 de dezembro de 1892)
In Ipso (3 de março de 1891)
In Plurimis (5 de maio de 1888)
Inscrutabili Dei Consilio (21 de abril de 1878)
Insignes (1 de maio de 1896)
Inter Graves (1 de maio de 1894)
Iucunda Semper Expectatione (8 de setembro de 1894)
Laetitiae Sanctae (8 de setembro de 1893)
Libertas (20 de junho de 1888)
Licet Multa (3 de agosto de 1881)
Litteras a Vobis (2 de julho de 1894)
Longinqua (6 de janeiro de 1895)
Magnae Dei Matris (8 de setembro de 1892)
Magni Nobis (7 de março de 1889)
Militantis Ecclesiae (1 de agosto de 1897)
Mirae Caritatis (28 de maio de 1902)
Nobilissima Gallorum Gens (8 de fevereiro de 1884)
Non Mediocri (25 de outubro de 1893)
Octobri Mense (22 de setembro de 1891)
Officio Sanctissimo (22 de dezembro de 1887)
Omnibus Compertum (21 de julho de 1900)
Pastoralis (25 de julho de 1891)
Pastoralis Officii (12 de setembro de 1891)
Paternae (18 de setembro de 1899)
Paterna Caritas (25 de julho de 1888)
Pergrata (14 de setembro de 1886)
Permoti Nos (10 de julho de 1895)
Providentissimus Deus (18 de novembro de 1893)
Quae Ad Nos (22 de novembro de 1902)
Quam Aerumnosa (10 de dezembro de 1888)
Quamquam Pluries (15 de agosto de 1889)
Quam Religiosa (16 de agosto de 1898)
Quarto Abeunte Saeculo (16 de julho de 1892)
Quod Anniversarius (1 de abril de 1888)
Quod Apostolici Muneris (28 de dezembro de 1878)
Quod Auctoritate (22 de dezembro de 1885)
Quod Multum (22 de agosto de 1886)
Quod Votis (30 de abril de 1902)
Quum Diuturnum (25 de dezembro de 1898)
Reputantibus (20 de agosto de 1901)
Rerum Novarum (15 de maio de 1891)
Saepe Nos (24 de junho de 1888)
Sancta Dei Civitas (3 de dezembro de 1880)
Sapientiae Christianae (10 de janeiro de 1890)
Satis Cognitum (29 de junho de 1896)
Spectata Fides (27 de novembro de 1885)
Spesse Volte (5 de agosto de 1898)
Superiore Anno (30 de agosto de 1884)
Supremi Apostolatus Officio (1 de setembro de 1883)
Tametsi Futura Prospicientibus (1 de novembro de 1900)
Urbanitatis Veteris (20 de novembro de 1901)
Vi è Ben Noto (20 de setembro de 1887)

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